Essa é nossa primeira vez acompanhando o outono ir embora – assim como crescemos assistindo nos filmes e desenhos na TV – para dar espaço a um inverno bem definido. Eu e Alexandre já vimos “neve eterna” em Mendoza, na Argentina, uma vez, mas nunca tivemos a experiência de assistir a neve cair ou as ruas congelar de um dia para o outro. O primeiro continuamos não conhecendo. Já o segundo…
No dia 19 de novembro amanhecemos e encontramos a grama, as árvores, carros, telhados, e poças de água na rua cobertos por uma pequena quantidade de fractais de gelo, porém, o suficiente para impressionar alguém que nunca havia visto algo parecido antes. Durante a noite, naquele dia, a temperatura chegou a atingir -3ºC, com sensação térmica de -2ºC em Ely, Cambridgeshire, Inglaterra, onde estamos morando.
Se para nós já nos conferiu alegrias pela novidade, imagina para uma criança de 5 anos que é fã do filme Frozen da Disney?! Claro que ela chegou por um momento a acreditar que Elsa, a anti-heroína com poder de congelar tudo, poderia ter passado por essa pequena cidade britânica e feito como fez com Arendelle. Ideia que obviamente não passou de imaginária, o que foi suficientemente delicioso.
Daquele pequeno momento que durou no trajeto de casa para a escola, Malu fez planos para quando a neve chegar (se chegar): ela disse que vai fazer um boneco de neve, e quem sabe anjos no chão branco coberto pela neve, e brincar de atirar bolas de… claro, neve. Fato que ao longo do dia a temperatura aumentada e o sol (pois é, ele apareceu no final da manhã), derreteu toda a mini amostra de gelo que tivemos.
Acompanhar essa evolução demarcada de um clima tão diferente do tropical no Brasil, tem sido interessante, por mais que pareça simples e tolo. Foi incrível assistir as árvores em nosso trajeto diário se desnudar de sua cor alaranjada e cobrir o chão das típicas folhas de outono e ficar totalmente nua para sentir na pele o vento gelado do inverno.
Há quem acredite que o outono é época de introspecção, momento de refletir e se preparar para a próxima temporada. E isso vale para o que acontece dentro da gente também, ou principalmente. Momento de deixar para trás tudo aquilo que não nos constrói e até nos fere, propor mais tempo para silenciar e acalmar o interior tanto para assimilar, quanto traduzir toda e qualquer tormenta e ainda se depurar para receber o novo.
Caberia aqui ainda uma resenha sobre este momento totalmente diferente para quem veio de um lugar onde o dia nunca é tão curto como ocorre no final do outono e no decorrer do inverno por essas bandas aqui. No entanto, vou deixar para um próximo “post”. Já me estendi demais. Obrigada por chegar até aqui.